ISABEL MONTEVERDE

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Eccentricity is not, as dull people would have us believe, a form of madness. It is often a kind of innocent pride, and the man of genius and the aristocrat are frequently regarded as eccentrics because genius and aristocrat are entirely unafraid of and uninfluenced by the opinions and vagaries of the crowd.
Edith Sitwell

A man has to live in order to have a reason for dying as well as for having a reason for being reborn.
Ralph Ellison in Juneteenth



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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

FREELY AND PURELY JUST LIKE SUNFLOWERS




Um Desafio de Vergílio Torres
Quando olho o céu não faço distinção se lá moram anjos ou nuvens, se lá se rasgam buracos negros, se porventura as estrelas são míopes quando me olham, ou se serei eu que ao olhá-las as confundo com pequenas e endiabradas fadas. Para mim o céu é um lugar, onde se desenham trajectos de asas, montanhas de algodão doce, jardins de incandescentes canteiros, pontos de fuga de devaneios, longínquo anoitecer em preces ingénuas e roucas, mistura de lágrimas e prazer, beira-mar do outro lado do horizonte, um querer viajar em naus catrinetas, seguindo a estrela do norte.
O céu e a bússola são para mim duas invenções saídas de uma mesma ideia: nortear o sentido do sonho.
Houve um dia que tive um sonho, ter asas verdadeiras. Pois foi com grande irritação que, tendo participado como anjinho na Procissão do Sr. dos Passos, tive de engolir uma firme resposta negativa da D. Nezinha, a dona das asas que entendeu ser eu um anjo sem asas. Devia ter à volta dos cinco anos quando pedi à minha Avó para me inscrever na procissão que antecede a Páscoa. Ia apenas com o fito de ganhar asas. Como isso não aconteceu, houve alguém no céu que se vingou por mim. Bom, nesse ano resolveu a organização abrir a Procissão com um rosário enorme segurado por cerca de cinquenta anjinhos. Eu lá fui já sem vontade nenhuma de segurar nada, queria era ir lanchar a casa dos meus Avós. Esperava-me um doce de tapioca batido com claras em castelo, melhor do que doce d'anjo. Ia tudo muito bem quando uma catequista com ar de Gestapo diz: "Parem! Um anjinho está dentro do rosário e vai ao contrário!". Pois, era eu. O rosário estava todo torcido, da trança de uma rapariga saía uma labareda de fogo, a que lhe seguia tropeça com o susto do grito da catequista e espeta-lhe a vela na cabeça, outra tinha perdido as sandálias, uma prima minha que assistia no público batia palmas. Tudo por causa das asas que não me deram. Foi a única vez que participei nestes eventos populares de cariz religioso e de formato barroco.
Contra a corrente começou a minha vida, agora não me digam que isto não é sina. Nesse mesmo ano comecei a ter novos objectivos na minha atribulada vida. Os pirolitos tinham passado à história, os chorões eram agora os bonecos mais populares e a chewing-gum já fazia parte da terapia muscular facial. E do que havia de me lembrar? Fazer uma fita para o cabelo com chiclettes coloridas. Aí começou verdadeiramente a minha desenvoltura para a plasticidade, -"grande sentido plástico", diz-me um professor de Litografia, (lembrei-me dele agora). Coleccionava botões e chewing gum's, os botões tinha-os em quantidades industrias, comprados na loja do Sr. Bandeira. Resultado da história, para descolar uma dúzia de chiclettes tiveram de me rapar o cabelo, não me recordo se tive um trauma psicológico, tenho a certeza que não.

E os anos passaram com tantas diabruras que tinham por palco, o sótão, em casa dos meus avós maternos. Era um espaço enorme, com duas janelas viradas para Santa Luzia. Dentro desse sótão havia, para além das escadas normais de acesso, uma escada secreta que ia dar a um quarto, onde a minha avó guardava sapatos, malas e sapatos. Era aí que nos escondíamos, no meio dos casacos pendurados. E ao subir a escada principal havia do lado direito outro sótão mais pequeno, com uma saída escondida para a cozinha no andar de baixo. Decidimos um dia, os meus primos e eu, pintar uma das paredes do fundo com tinta vermelha, uma foice e uma estrela amarela. Já os ventos troskistas e leninistas nos tinham passado pela mente, éramos brilhantes, ou estúpidos, sem o saber. Foi quando o meu Avô, um dia e por sorte, se lembrou de subir ao nosso antro de conspirações. Foi um verdadeiro drama, quase nacional, pensámos nós. E agora como ia o meu pobre avô descalçar a bota. Não era para brincar o assunto, se o Sr. Zé caiador visse, de tão bêbado que era podia dar com a língua nos dentes e lá vinha a Pide a meio da noite. Mas a minha Avó não se atrapalhou e antes que o Sr. Zé subisse com a cal e a brocha, encheu-lhe uns copos bem aviados de tinto e o homem nem se deu conta da parede que tinha na frente. Foi limpinho, ficou branquinha, imaculada e a revolução dos cravos havia de chegar só seis anos depois. Nessa altura já o sótão estava há muito às moscas.




Quando, por um justo amor dos jovens, se sobe desta beleza mortal até ao ponto em que se começa a ver o belo em si mesmo, então atinge-se quase o termo. Tal é a verdadeira via amorosa, na qual se avança só ou guiado: a partir da beleza mortal, elevar-se incessantemente para o imortal, como por degraus, de um corpo belo para dois e de dois para todos; dos corpos belos para a beleza dos costumes; daí para os conhecimentos belos e dos conhecimentos, finalmente, para esse conhecimento que não tem outro objecto senão a beleza em si mesma: então revela-se, no fim, o próprio ser do belo.

PLATÃO, A República ("O Banquete")


Uma Carta que nunca teve resposta:
Meu estimado ... embora não tenha obtido resposta às outras mensagens que lhe enviei, envio-lhe o CD do Power-Point, caso esteja interessado vê-lo com a dignidade que merece...
Naquele momento foi a minha identidade que eu vi lesada, eu não sou uma académica, mas artista e os artistas não se impressionam com fogueiras, nem com modos inquisitórios, cujo modelo já não interessa a ninguém. Em estado de choque, em vez de paralisia eu reajo como um animal selvagem ferido, sou uma temperamental domesticada.
De resto e como sabe quando quis desistir foi por saber que os sentimentos me iam levar ao desespero. Agora o sofrimento ainda é maior. Não o vejo mais e isso dói. De início estava resignada...Se não fosse o que é, mas um pobre empregado de balcão os meus sentimentos seriam exactamente os mesmos: atracção física, intelectual, encantamento, ternura, amor, paixão.
Agora até por uma palavra sua, nem que fosse a mandar-me ao psiquiatra eu esperava ouvir. Lembro-me do reverendo em Juneteenth e não desisti até ao fim, só quando... Já estava tudo perdido. Envio-lhe a nossa fotografia que me acompanhou durante meses e com a qual dormia. Não me queira mal porque eu vou amá-lo para sempre, mas agora sei que para si eu não represento nada. Só me desespera não saber se está bem, ou se está mal. Rezo para que seja muito feliz. Como lhe disse na carta anterior se me batesse eu beijava-lhe a mão, se estivesse doente eu apertava-o contra o meu peito e dava a minha vida por si. É a sua pessoa que eu amo e para mim é o homem mais belo que existe. Realmente à sua beira não passo de uma pessoa sem préstimo, só sei pintar, inventar, cozinhar e transformar o mais insignificante no mais interessante, ou amar os outros e não tenho nenhuma valia. Hoje as fadas já não existem e isso está bem patente num dos quadros da Paula Rego.

P.S.:MAS OS CIÚMES SÃO GRANDES E COMO NUNCA INVEJEI NINGUÉM SÓ AGORA CONHEÇO ESSE SENTIMENTO, POIS QUEM VOLTAR A AMAR TEM MUITA SORTE EM TER UMA CRIATURA TÃO ADORÁVEL JUNTO DELA. EU CONHEÇO-LHE A ALMA E SEI QUE O...É BOM. SE TIVER PENA DE MIM PEÇA A DEUS QUE ME DEIXE MORRER NA MESA DE OPERAÇÕES.

Muito afectuosamente,
...
Esta foi uma carta ridícula que agora, pela primeira vez, consigo reler com um sentimento de espanto, pois esta pessoa não era eu. Rejeito tudo quanto nela disse, sem nenhuma raiva, mas por me envergonhar de a ter escrito. Realmente ela não merecia resposta e ainda bem que assim aconteceu. De outro modo penso que agora seria muito infeliz e o certo é que me sinto liberta e feliz. É um fantasma do ridículo, mas a vulnerabilidade não é uma fraqueza, é apenas um estado de estupidez, a que cegamente nos submetemos. E agora recuperei a minha identidade, assim como a minha lucidez. Escrevam cartas de amor, mas a quem as merece ler, ou então escrevam cartas ridículas, mas engarrafadas e coloquem-nas numa prateleira de um supermercado para consumo imediato.

Respondendo ao desafio de Vergílio Torres do blog Banhos de Cinza, contar aleatoriamente seis episódios da nossa vida, resolvo terminar aqui um ciclo de histórias à deriva, fragmentos da minha memória, que marcaram ou foram episódios inconsequentes na minha vida.
As regras são:
1. Pôr o link da pessoa que me convidou;
2. Escrever as regras do meme no blogue;
3. Contar seis coisas aleatórias sobre mim;
4. Indicar mais 6 pessoas e respectivos links;
5. Deixar um comentário a cada uma dessas 6 pessoas.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

AMANHÃ SAI O PRÓXIMO EPISÓDIO DA MINHA VIDA INSONSA: UM DESAFIO E UMA CARTA DE AMOR RIDÍCULA.









Dos lençóis

de fúcsia ruborizados

e das resinas
Dos quadros pendurados,

escorrendo mel
Dos vestígios de um fundo

retido no tempo

 Transparece um pássaro
e um lírio estático
sobre o seu pé

de reumático enegrecido,





sob uma sombra coberta de mica:
um búzio de ressonâncias azuis
e depois 





Crisântemos Raquelinas
Amores-perfeitos Prímulas
Violetas Peonias e
Cravos
Lírios e Cravelinas
Frésias Dálias e
Jarros
Petúnias Malvas

Hidrangeas e Rosas-da-china





Prevejo o futuro,
como os velhos ancorados

às pedras mudas das esquinas.





À curvatura do tempo

vergado pela idade
ascende a névoa
dos recessos dos olhos

e de Junho




Margem a Margem -





Polarizadas




de orvalho miúdo e fino




Das manhãs




e das folhas




desprendem-se os primeiros brilhos:





Os velhos poisam os olhos na terra:





brevemente comungo com eles




o abraço derradeiro às estrelas





e depois 
na iminência do mar-alto




há um marinheiro atento
a soltar as VELAS.





Outubro de 2003

A SPOON OF ROSES/ E UM DESAFIO







na obliquidade
da palha


perdidas ficam as horas


–“ é como encontrar agulha no palheiro”,
murmura o Velho!
é sempre este sentimento triste
de esmagar o Verão sem peúga:





uva,




uva,




uva,








grita alegre a viúva
–“já viste uma noiva,
(ou farófia
sobre as dunas?





À distância





a diferença é nenhuma”
abençoado seja
da terra
este Leite
e o mel dos Pinheiros





(e às rosas que não levava
no regaço ou no penteado





–“Dizei, não é decerto embaraço?

Agosto de 2003


DESAFIO
Marta Vasil, do blog Lua com Dona, lançou-me um desafio que aceitei com prazer e que já tinha participado antes do Natal, mas um desafio nunca o rejeito e gosto sempre.
As regras do jogo são simples e, de certo modo, pode revelar, na partilha, muito do nosso universo pessoal, ou não sejam os livros, que escolhemos para companheiros, espelhos dos nossos anseios e emoções .

Este desafio deve respeitar apenas duas regras:
1. Abrir um livro ao acaso na página 161, ir até à linha 5 e colocar essa frase no blog.
2. Passar para outros bloguistas.

Passo a todos que se queiram lançar na tarefa. O livro que estava mais à mão foi: Delta Wedding da escritora americana Eudora Welty, uma edição de 1945 de Harcourt, Brace and Company.
A frase é a seguinte: "Robbie knew that now, still, George in getting her back would start all over with her love, as if she were shy."

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

TU: OS MEUS SETE PECADOS MORTAIS












Os meus companheiro da gula, da ira e da luxúria, os meus grandes pecadilhos:

Um robot eficiente que trepida enquanto faz uma massa cremosa, lasciva, doce, dengosa e cheia de fúria no final.

A minha cozinha hippie.

A Teresa de ematejoca azul desafiou-me a confessar os meus 7 Pecados Mortais. Este desafio afinal não foi nada fácil para mim, ou teria de mentir, o que não é meu hábito, ou então teria de ser um bocadinho condescendente com a minha pessoa e com uma pontinha de humor.


As regras deste desafio são as seguintes:

* Revelar a nossa relação com os pecados capitais

* Nomear outros 8 blogues para responder ao desafio


São todos convidados a aceitá-lo e a conhecerem-se melhor através deste jogo de auto-conhecimento.

GULA- Como tão pouco de cada vez que só os doces me fazem pecar e não há dia em que não os coma, além dos chocolates que nem é bom falar....e continuo a pesar 49 kg.

AVAREZA- Apesar de ser difícil de entender sempre fugi ao desejo de status, quando o poderia ter sem dificuldade. Sou um bocado perdulária, mas somente quando estou ansiosa.

INVEJA- Nunca cobicei nada, gosto de tudo quanto tenho e estou satisfeita. Dos outros não reparo no que possam ter a mais do que eu. Posso invejar uma gaivota, mas não uma pessoa.

IRA- Tenho acessos de fúria e repentinos, seguidos de arrependimentos e mortificações. É que as minhas fúrias viram-se contra os meus quadros. Rasgo-os, arranco-lhes as "tripas", deito-os ao lixo.

SOBERBA- Talvez seja soberba, considero-me auto-suficiente, mas a verdade é que o sou. Graças a Deus tenho um bom cérebro, ideias próprias e mãos engenhosas. Sou, no entanto muito humilde e isso aborrece-me.

Luxúria- Isenta. Absolvida. Só o perfume me inebria. Éter, bife de lombo grelhado, vinhos frutados, nada de promiscuidades. Sou semi-vegetariana!

PREGUIÇA- Gosto de pensar, mais nada. Esforços físicos só os que me apetecem, como mudar constantemente a decoração e a posição dos móveis em minha casa. Tenho preguiça de sair de casa.















Será poeta,
profeta,
bardo,



Ou será apenas um rei destronado?


Será,


talvez,



íntimo do silêncio,
Quando
dele
bebeu todo o ouro



Será



dos abismos


da melancolia

um mistério,



ou um enigma derramado
neste solo de sílabas,

brincando,
como fazem os meninos,
trauteando palavras desconhecidas,
memorizadas no (en)canto do embalar
e aspirando o ar
da vida tão breve
num descontraído viver.


-Não sei quem ele é,
nem ao que vem


Nestas frases que são jardins,


Onde a demora não tem hora,


Mas uma morada para os lilases


E um lugar para mim.



E
do seu perfume agridoce
enfeito o vento
nas tardes vagarosas
de luz embrulhada
em nevoeiro,
distante
das palavras,

Distante do leito aberto

Ausente

da minha morte.


***

Há espaços exactos


para o repouso do musgo:
entrelaçados na boca fechada
dormem frescos os lírios

esse teu silêncio
reservado
abraça-me
na distância do sangue:
na inexistência de tempo
E

na eloquência
(ou displicência)


dos pingos d'água:

não há outra hora mais bela

para o destino desencontrado:

sentei-me entre os deuses

e olhei o rosto da minha outra face.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

COISAS DO ARCO DA VELHA







A Teresa de ematejoca azul propôs-me mais um desafio com as seguintes regras:


Linkar a pessoa que te indicou.
Escrever as regras do meme em seu blog.
Contar 6 coisas aleatórias sobre você.
Indique mais 6 pessoas e coloque os links no final do post.
Deixe a pessoa saber que você a indicou, deixando um comentário para ela.


Aqui vão as minhas "manias" e algumas virtudes que as tenho:


1-Acordo de manhã a cantar ou às gargalhadas. Só os gatos me podem aturar, são duros de ouvido.

2-Quando vou às compras ao supermercado nunca compro nada, faço um desvio e venho com flores ou com mais um par de brincos.

3-A minha alimentação é à base de doces, quase nunca como carne.

4-Detesto beber água, só bebo sumos ou chá.

5-Cumprimento os animais que se cruzam comigo no caminho.

6-Sou uma boa ouvinte, melhor do que um padre ou um psiquiatra. Não cobro nada, nem arrependimentos nem euros.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

2º EPISÓDIO:A VIDA SERÁ UM DESAFIO?



Como se caracteriza o mundo idílico? Um jardim é um mundo heterotópico, um mundo alternativo, oferecendo a visão idílica de um espaço em suspensão no tempo. Alguns termos como "pureza", "dourado" ou "sonho" indicam essa natureza de idílio, contrapartida à realidade, complexa e labiríntica.

Os meus chás são longos e ritualisticos e tal como as mantras têm semelhante efeito hipnótico. Depois deste interregno prossigo com "A vida será um desafio?", ou será ela um enigma? A minha sempre foi clara e transparente, por isso embirro com as areias que podem danificar a engrenagem da minha vida insonsa. E quando um enigma é plantado no meu jardim zen só posso ter duas atitudes, ou ignoro ou, como fazem os gatos, não desisto enquanto não o caçar. Tudo isto vem a propósito de dois números de telefone que não sei a quem pertencem. Ora isto não me sai da cabeça nem eu quero que saia. Há dois anos atrás comecei a receber telefonemas de um número, cuja operadora é a ptprime, que nunca soube de quem eram, nem ao que vinham. Eu atendia e desligavam, às vezes a seguir a um telefonema "silencioso" vinha outro no espaço de 5minutos. Resolvi anotar os dias, as horas, relacioná-los com os meus movimentos, com pessoas que nesse dia tinha visto, revolvi o mundo à procura desta pessoa que se incomodava a telefonar-me para não dizer nada. A única pista é um outro número de reencaminhamento, mas quer um quer outro não me dão acesso a mais. Claro, eu não tenho medo de nada, nem neste caso é para ter, sei muito bem que estas chamadas eram inofensivas, mas não deixaram de ser abusivas. Eu sei quem as fez, sei de onde partiram, só não tenho possibilidade de provar que fui incomodada por uma pessoa cobarde e dizer-lhe frontalmente aquilo que me apetecia dizer. Não gosto que brinquem com a minha bonomia. A única solução foi a de ter dado baixa do meu telefone fixo e ficar só com o telemóvel. Mas eis que até para este começaram novamente os telefonemas silenciosos, atendo e desligam, deve ser uma nova moda. Mas de moda sei eu mais, não por ser de artes plásticas, mas por ter convivido com designers de moda e não só. Assim esta moda não passa de uma demonstração de parolice, ou de quem tem um quoficiente de inteligência abaixo de uma galinha.

Hoje é o dia de aniversário da minha Mãe, concerteza que a ligação entre as galinhas e um aniversário, neste caso, tem a sua razão de ser. Eu explico, as galinhas são os animais preferidos da minha Mãe, é claro que se lhe perguntar o porquê desta preferência ela responde que são óptimas na panela, mas eu sei muito bem que é tudo disfarce, nem uma nem outra gostamos de mostrar o que sentimos. Tenho a quem sair, distanciamento, humor e muita capacidade de falar através de metáforas.
Ora um dia a minha Mãe chamou-me para conhecer o neto de uma vizinha. Depois de terem conversado, quem conversou foi a vizinha e não a minha Mãe, que devia estar a pensar em tudo menos no que ouvia, entrámos em casa e ela diz-me:"este rapaz deve ser muito bem formado, ouviste a D. M. dizer que o neto é altruísta?", mas que coisa isto de se ser altruísta, quando na verdade se é autista. Infelizmente foi esta a palavra que a minha Mãe trocou por nunca ouvir aquilo que os outros dizem, isto é, por não querer ouvir histórias de desgraças. E não será melhor assim, usar a palavra, no bom sentido, para dourar uma situação infeliz? A isto eu aprendi a chamar de caridade e pureza.
Por falar em pureza associo-a de imediato ao meu falecido gato branco, gordo e pachorrento Bonifácio Licurgo. Era de facto um gato muito puro, chamava-me para caçar grilos nas tardes quentes de Verão. Daí ter tido sempre uma predilecção por grutas, cânticos gregorianos e, na literatura americana, o fascínio pelo estilo gótico. Daí também eu ter falado muitas vezes com um coxim branco, pensando estar a falar com ele. A vida é uma ilusão.
APELO QUE ENCONTREI NO BLOG BICHANOS DO PORTO, A FOTO DA GATINHA ENCONTRA-SE NESSE MESMO BLOG
21-01-2009

Alguém me viu?
Caros amigos, a Marina está perdida desde dia 19/01 em Vila Nova de Gaia. Foi uma bichaninha do Porto adoptada por uma amiga minha e os donos estão completamente desesperados atrás dela.
Tem cerca de 2 anos, está castrada e é muito meiga, só que não está habituada à rua, por isso pode estar assustada.O apelo está Aqui (link), se forem da zona ou arredores divulguem.
E se por acaso virem uma gatinha como ela, mesmo que tenham dúvidas contactem o Luís. Contactos:
917986970
luis.a.e.barbosa@gmail.com
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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A VIDA SERÁ UM DESAFIO?





Mais um desafio que veio através da Teresa de ematejoca azul: contar a história da nossa vida. Eu não vou começar pelo princípio, parto precisamente do presente para trás. A minha vida é a coisa mais desenxabida que pode haver.

-Vivo nesta encantadora cidade do Porto, onde todos os dias eu vejo o rio e o mar, é só descer a minha rua que não é bonita, mas tem uma igreja e aos domingos acordo com o sino a tocar. Hoje ao acordar relembrei um dos episódios surrealistas que ao longo da minha vida eu tratei de ir semeando. Se hoje tenho este blog foi graças a esse episódio.

-Em finais de Julho do ano passado fui defender a minha dissertação de mestrado toda contente, como uma Leonor vai pela verdura. Ia formosa e muito segura, lá isso ia, não fosse terem-me feito "arrabbiare" e vai daí eu estrebuchei.

-Ora bem, o que aconteceu foi eu ter levado um excelente power point que não pôde ser projectado convenientemente. A sala encontrava-se desarrumada, uma das janelas teve de ser tapada com um saco preto do lixo, enfim, o que mais poderia acontecer?

-Pois, mas aconteceu mesmo. Ao abrir o ppshow não é que aparece uma foto do meu orientador, em que por baixo se podia ler:"MY TEDDY BEAR".

-Uma boa amiga minha bem quis ajudar a tirar aquilo dali, mas tudo parecia contrariar as suas valentes acções. Eu encostada a uma mesa ia assistindo já a remoer que ia fazer das minhas.

-A Srª Arguidora era uma daquelas professoras formatadas que, com a minha idade, eu já não tolero. Fiz-lhe o favor de a ouvir até ao fim, mas santa paciência, no final, quando chegou a minha vez de defender o meu trabalho eu pensei: ou faço aqui um discurso que não me serve para nada,( já que o ppshow foi completamente arruinado pela falta de profissionalismo de certos funcionários daquela faculdade), ou eu faço o mesmo que Obélix fez. E foi o que eu fiz, mas em vez de dizer "estes romanos são loucos", disse: "aconselho a Srª Drª a reler o meu trabalho". Recusei defendê-lo e vim com o mestrado concluído.

-Vim também com muitas flores nos braços neste dia memorável. Boas e grandes amigas fiz na faculdade de letras.

Passemos adiante, uma paixão que me levou ao fundo do poço, com vontade de morrer, doente, com um enorme papo no pescoço, biópsias para cá, biópsias para lá, uma biópsia cirúrgica e outro episódio atípico. Chego ao bloco operatório com um fato maior do que eu, reclamei logo que só fazem roupa para gente grande, olho para o tecto e digo que "devia ter trazido os óculos escuros" e zás, acordei. Pergunto as horas à enfermeira, passaram 3 horas desde o início da operação, peço que me emprestem um computador, peço que me dêem os meus brincos, pergunto se estou muito despenteada. Levam-me do recobro para o recobro posterior e aí começam os meus problemas. Arritmias em catadupa, a pulsação nos píncaros, as tensões elevadissimas, uma sonolência insistente e atribulada, as cortinas a fecharem-se, o médico anestesista com as enfermeiras à minha volta, um electrocardiograma e uma injecção para o coração. Estive assim 3 horas seguidas. De repente comecei a recuperar, sento-me na cama, ponho, finalmente,os meus brincos, penteio-me, coloco o travessão a segurar o cabelo, pinto os lábios.
Olho à minha volta e vejo só caras de outras mulheres, com ar de maltratadas pela vida, todas elas acabadinhas de fazerem a laqueação das trompas. Todas elas a queixarem-se de dores, mas todas muito simpáticas quando me viram reagir. Coitadas, ficaram assustadas, em silêncio, à espera que me desse o badagaio. Foi então que me lembrei do dia em que conheci aquele que veio a ser o meu marido durante 28 anos. E não foi por acaso, mas por ter reparado que aquelas mulheres tinham por maridos uns broncos. Dei por mim a pensar que mesmo separados ele estava ali ao meu lado, dando-me a mão e chamando-me de "anjinho".

-Estudava em Coimbra na Faculdade de Medicina, fui passar um fim-de-semana à Figueira da Foz e através de outra pessoa conheci um belo moreno de cabelo preto, cor de azeviche, ar exótico, de ascendência mista, peruana, chinesa e portuguesa. Ele era do MRPP e eu da UEC. Tudo romantismos e idealismos de trazer por casa.

-Eram aproximadamente 6 horas da tarde, combinámos tomar um café depois do jantar e a seguir um passeio pela praia, era já de madrugada. Nesse dia começámos a namorar, éramos os dois decididos, jovens e apaixonados. Um ano depois casámos.

Viemos, então, viver para o Porto. Deixei Medicina e fui para Pintura, depois de muitas lutas com os meus Pais. Lá tinham as suas razões, agora podia ter uma vivenda na Foz, mas nunca me arrependi, nem agora que não posso mais pintar com resinas e óleo, o meu prato forte. É como se me tirassem a memória dos cheiros de criança, do cheiro do arroz-doce em casa dos meus avós maternos, da borracha, da lousa cor de rosa, da primeira pasta com a Branca de Neve, do cheiro dos claustros do colégio, em Viana, minha terra natal, ou do som do violino nas mãos do meu avô paterno enquanto eu comia torrão de alicante.

-Desses tempos inesquecíveis, em que andava com as grades e as pastas de desenhos atrás de mim, os jantares bem regados com colegas e professores, ainda mantenho o primeiro cavalete oferecido pelo meu Pai, assim como a malinha das tintas feita nos Estaleiros de Viana do Castelo. Os primeiros óleos, da marca inglesa Rowney, foram-me dados por um primo que, na altura, fazia o mestrado em Londres. Os meus trajes ora eram de colegial, ora de rapaz, cabelo muitissimo curto, camisas brancas e gravata, tendo dado lugar a grandes laços que variavam do pescoço para o cabelo e em aplicações nos sapatos.
Mas as minhas indumentárias sempre variaram ao longo da minha vida. Cheguei a andar descalça em Coimbra, com vestidos compridos de bordado inglês, camélias no cabelo oferecidas todas as noites pelo filho do restaurante onde costumava jantar. Fazia vida de diletante, quando me apetecia ia sozinha almoçar ao restaurante do hotel. Os meus amigos eram quase todos de Direito e quase todos do MRPP. Muitos autocolantes do PCP lhes vendi. Foi em Coimbra também que entrei para o teatro académico, mas pouco tempo estive.

-Primeiro exame de Anatomia: entrávamos à vez, em cima das mesas havia vários órgãos com alfinetes que devíamos identificar, artéria de não sei quantos e por aí fora. Bem eu olhava para eles e o coração parecia-se com o fígado, como havia de me desembrulhar? Mas com sorte lá vim com vinte na prova teórica e dezasseis na prática. Foi quando me apercebi que um dia ia ser uma péssima médica. Sempre fui dotada para a teoria e para o pensamento abstracto.

Aqui interrompo para tomar o meu chá. Seguirá noutro dia.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

PERFUME


A DESPEDIDA
Na cintura deslacei o nó que me prende
a alegria
Cortei a cauda do vestido e vesti-o do avesso
Não te recordes mais desta distância
Entre o corpo e o que se ajusta
O sonho perdeu-se nas nebulosas dobras
Do livro aberto pelas mãos do vento.


As palmas das nossas mãos

Abertas em concha

Ao exílio da noite

Serão pétalas

Desabrochando no perfume

Batido pelo vento

Em dias felizes que virão
...
NA AUSÊNCIA DE NÓS
CORNUALHA É UM LUGAR REAL:
NA DENSIDADE DAS CIDADES
OS SONHOS SÃO DESERTOS
E TODAS AS PEDRAS MÍTICAS


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ISABEL CABRAL, SLETRAS
JOTA, POEMAR-TE
LICAS, ONTEM E HOJE
MARTA VASIL, LUA COM DONA
SÃO, FÉNIX
SR. DO VALE
TERESA HOFFBAUER, EMATEJOCA AZUL
TETÉ, QUIPROQUÓ

BEIJA FLORES OFERECIDO PELA MINHA AMIGA FÁTIMA DO BLOG CONTRACENAR

BEIJA FLORES OFERECIDO PELA MINHA AMIGA FÁTIMA DO BLOG CONTRACENAR
MUITO OBRIGADA:) REPASSO A TODA(O)S A(O)S BONS AMIGOS DO ARTISTA MALDITO

UM SELINHO MUITO FEMININO. MUITO OBRIGADA, FÁTIMA.

UM SELINHO MUITO FEMININO. MUITO OBRIGADA, FÁTIMA.
JÁ SABEM, É LEVAR!

ET JE TE REMERCIE BEAUCOUP, TERESA... E VOLTOU A DOBRAR! DA BOA AMIGA MARTA DO BLOG LUA COM DONA:)

ET JE TE REMERCIE BEAUCOUP, TERESA... E VOLTOU A DOBRAR! DA BOA AMIGA MARTA DO BLOG LUA COM DONA:)
UM SELO "TRÈS CHIC" QUE RECEBI DA MINHA AMIGA TERESA HOFFBAUER DO BLOG EMATEJOCA AZUL. MUITO OBRIGADA MARTA.
















UM TESOURO AZUL ATÉ AO INFINITO

UM TESOURO AZUL ATÉ AO INFINITO
MUITO OBRIGADA TERESA

GRAZIE TANTISSIMO CARA MIA

GRAZIE TANTISSIMO CARA MIA
DALLA MIA AMICA KATI: IL SUO GIARDINO

UM ARCO-ÍRIS POR ONDE DESLIZA ALEGRE A AMIZADE

UM ARCO-ÍRIS POR ONDE DESLIZA ALEGRE A AMIZADE
MUITO OBRIGADA TERESA

UMA FLOR COLHIDA NO CANTEIRO DA AMIZADE

UMA FLOR COLHIDA NO CANTEIRO DA AMIZADE
MUITO OBRIGADA ISABEL CABRAL














«Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais, e, neste dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a humanidade"
Leonardo da Vinci


A BELEZA TEM REALMENTE A VER COM O MODO COMO UMA PESSOA A APRESENTA.

AS PESSOAS GOSTARÃO AINDA MAIS DE NÓS POR TERMOS CORAGEM BASTANTE PARA DIZER QUE SOMOS DIFERENTES E QUE ISSO NOS DIVERTE.

PARTI HOJE UMA COISA, E APERCEBI-ME QUE DEVIA PARTIR UMA COISA UMA VEZ POR SEMANA...PARA ME LEMBRAR COMO É FRÁGIL A VIDA.

ANDY WARHOL

BICHANOS DO PORTO

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