Neste dia publico dois poemas que o meu Pai dedicou ao meu irmão e a mim.
AO MEU FILHO
Filho, minha vida é tua
Meu eu, para além de mim...
Dei-te o fio da meada!
Pega nele e continua
Ó princípio do meu fim
Princípio e fim do meu nada.
Manuel Luís Vitale Monteverde, 27/6/82
À MINHA FILHA
Num dia risonho, pelo sol que brilha,
Fui ver o jardim...
Levava comigo, da mão, minha Filha
Como um querubim.
Trazia fitinhas nas tranças pequenas.
Era pequenina...
Ainda só tinha três anos apenas
A minha Filhinha.
Que linda menina! Boneca tão bela!
- Assim murmuravam
Todas as pessoas, olhando para ela,
Que por nós passavam.
Ao vê-la sorrindo, com tantos primores
E os olhos fagueiros,
Julguei-a a mais linda de todas as flores
Que têm os canteiros.
Por todos os lados, a mesma beleza!
Perfumes sem fim...
O céu tão bonito teria a riqueza
Daquele jardim?
Manuel Luís Vitale Monteverde, 20/1/80
PRIMAVERA
EI-LA
DESLUMBRANTE
NOS BRAÇOS
AS FLORES
E NOS LÁBIOS
A COR
DO ABSINTO
Pelas colinas sorriem as
mimosas
Tal me dizem das suas cores
Tal me dizem das suas cores
viçosas
Um Jardim de estrelas
Um Jardim de estrelas
ardentes
Onde na relva a luz da
Onde na relva a luz da
aurora
Perfuma os cabelos
Perfuma os cabelos
em boa hora
E a Primavera de flores
E a Primavera de flores
a deslumbra.
I. M. 2009
I. M. 2009
***
"Porém, nestes poentes de Abril que rememoram,
Sepulta, a minha vida e Paris na Primavera,
Em paz me sinto imensa e julgo o mundo
Um prodígio e, a bem dizer, juvenil."
T. S. Eliot, Retrato de Uma Senhora, tradução de João Almeida Flor